sábado, 23 de outubro de 2010

Por que alguns raios são positivos e outros negativos?

Primeiramente vamos entender como se formam as faíscas que vemos no horizonte quando se anuncia uma tempestade. Relâmpagos são gerados dentro de uma nuvem muito particular: a cumulonimbo, que se diferencia das outras por ser verticalmente mais extensa. Ela se forma a 2 quilômetros de altura do solo e se estende até 18 quilômetros acima.
Tudo começa quando o ar quente e úmido próximo do solo se eleva na atmosfera (ele sobe porque é mais leve que o ar acima dele, isso você já sabia). À medida que vai subindo, esfria, até chegar ao topo da nuvem onde a temperatura é muito baixa, de 30 graus Celsius negativos. Resultado: o vapor de água que estava misturado ao ar quente transforma-se em granizo e começa a despencar (porque é mais pesado que o ar) para a base da nuvem. Na queda, vai se chocando com outras partículas menores, cristais de gelo principalmente. Os choques fazem o granizo e os cristais ficarem eletricamente carregados.
As cargas negativas presas ao granizo vão para a base da nuvem. Já as positivas ficam nos cristais de gelo, mais leves, que tendem a subir com o ar quente que vem de baixo para o topo da nuvem. Ou seja, as cargas se separam: positivas em cima e negativas em baixo. Em dado momento, as cargas positivas e negativas atingem intensidade muito alta. É o que basta para o surgimento do relâmpago. Para equilibrar cargas tão diferentes, a eletricidade anda sozinha, sem fio nem nada, pelo ar. Em outras palavras: um raio não é nada mais que uma carga elétrica cruzando a atmosfera.
A maioria dos raios começa e acaba dentro das nuvens. São poucos os que vêm para o chão. Sobre esses há duas curiosidades. A primeira é que só podem ser vistos na fase final. Logo que o raio sai da nuvem e segue em direção do solo não pode ser visto (nessa fase é chamado de líder escalonado). Quando essa faísca tortuosa chega a 50 metros do chão, sai da terra outra faísca em direção à nuvem (é a descarga conectante) e ela ainda não pode ser vista. Só quando as duas correntes se encontram é que tudo se ilumina. O que vemos, então, é a descarga de retorno. A segunda curiosidade: os raios que enxergamos, portanto, saem da terra para o céu. Por ilusão de óptica, achamos que o clarão do relâmpago vem do alto para a terra.
E aqui chegamos à pergunta: por que alguns raios são positivos e outros negativos? O que os diferencia é o local da nuvem onde se originam. Os negativos saem da parte baixa da nuvem, onde se concentra a energia negativa. Já os positivos saem do topo da nuvem, onde ficam as partículas carregadas positivamente.
Há outra diferença importante: nos raios positivos, a corrente elétrica contínua a que persiste até o relâmpago acabar dura cerca de 200 milésimos de segundo, enquanto nos negativos a corrente dura, em geral, menos da metade. Justamente porque nos raios positivos a corrente contínua dura mais é que eles são mais perigosos e destrutivos, capazes de iniciar um incêndio florestal (os negativos raramente causam incêndio). Outra diferença é que o raio negativo carrega uma corrente contínua de 100 ampères (o ampère é a unidade de intensidade da corrente elétrica, só lembrando), enquanto o positivo carrega o dobro: 200 ampères, energia suficiente para alimentar vinte fornos elétricos domésticos.

Proteja-se, que os raios vêm aí...
Se você for surpreendido por relâmpagos durante uma tempestade ou mesmo antes de a chuva chegar (isso mesmo, eles também caem antes dos temporais), acautele-se:
Fora de casa
Evite contato com cercas de arame, grades, tubos metálicos, linhas telefônicas, de energia elétrica ou estruturas metálicas.
Afaste-se de tratores e máquinas agrícolas, motocicletas, bicicletas e carroças; se estiver num carro com chapas metálicas, fique dentro dele com as janelas fechadas.
Afaste-se de campos abertos, pastos, campos de futebol, piscinas, lagos, praias, árvores isoladas, postes e lugares altos.
Dentro de casa
Evite tomar banho, usar chuveiro ou torneira elétrica.
Afaste-se de fogões, geladeiras e canos.
Evite ligar aparelhos e motores elétricos, pois eles podem queimar.
Afaste-se de tomadas e não use o telefone.
Desligue da tomada os aparelhos eletrônicos como som, computador e televisão. Para os aparelhos de televisão existem dispositivos protetores que são instalados nas tomadas e podem ser encontrados nas casas de material elétrico. Fax, computadores e secretárias eletrô-nicas requerem proteção especial. Basta consultar as lojas especializadas em eletroeletrônicos.
Por fim, agüente firme, pois o sufoco, geralmente, não dura mais de dez minutos.


No ranking dos relâmpagos, o Brasil é campeão mundial, e os nossos ainda são de carga positiva, os mais perigosos.



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